ementa das almas
trabalho selecionado e premiado em competição internacional promovida pela Binaural/Nodar, 2016
Quando me deparei com o projeto Viseu Rural 2.0, fui atraída a conhecer partes desconhecidas de minha história. Raízes imensas que se perdem em uma distância geográfica. Eu estava ouvindo a entrevista de Maria Angelina Pontes quando soube do ritual da Ementa das Almas.
A Ementa das Almas é em si mesma uma tradição portuguesa ligada à religião católica, que se baseia em canções aos mortos. É um ritual periódico que ocorre da noite para o amanhecer e desperta a cidade, trazendo à mente aqueles que morreram. Diz-se que foi feito em grupos de quatro homens, mas mais tarde as mulheres também começaram a participar dele.
"Cada coisa tem um toque", diz Maria Angelina. Posso imaginar este ritual como uma lembrança, um som que entra e sai das casas, assim como paisagens vistas de um trem. Nossos ancestrais estão presentes apesar de não estarem aqui, revelando-nos assim partes de quem somos. Cantar para os mortos é lembrar-nos da vida que temos. É evocar a memória do que um dia fomos. É aproximar o despertar de uma nova vida.
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awarded and selected work in an internattional competition promoted by Binaural/Nodar, 2016
When I came across the Viseu Rural 2.0 project, I was drawn to know unknown parts of my story. Immense roots that are lost in a geographic distance. I was listening to the interview of Maria Angelina Pontes when I learned about the Ementa das Almas ritual.
The Ementa das Almas is in itself a Portuguese tradition linked to the Catholic religion, which is based on songs to the dead. It is a periodic ritual that occurs from night to dawn and awakens the town, bringing to mind those who died. It is said that it was done in groups of four men, but later women also started to participate in it.
"Every thing has a touch," says Maria Angelina. I can imagine this ritual as a recollection, a sound that enters and leaves the homes, as well as landscapes seen from a train. Our ancestors are present despite not being here, thus revealing us parts of who we are. To sing for the dead is to remind us of the life we have. It is to evoke the memory of what we once were. It is to bring closer the awakening of a new life.